Ao ver, no Jornal Nacional, a Presidente Dilma informar aos Prefeitos em Brasília que não existem "milagres" na administração pública, faz-me pensar que vivemos hoje, no Brasil, uma total incompatibilidade de idéias que nos sugere repensar o que realmente é bom para o nosso país.
Não sou contra a realização de uma Copa do Mundo no Brasil, sou contra a forma como tudo está sendo feito.Roubo a céu aberto e com a cumplicidade do Governo brasileiro. Dilma não acredita em "milagres" mas acredito que "milagres" acontecem em nossa nação, quando se gastam bilhões com construções de estádios onde o Governo abre as suas torneiras financeiras para o maior evento do mundo em tão pouco tempo. Pergunto eu: Por que não fazer "milagres" nas áreas da saúde e da educação? Vemos que, quando o Governo realmente quer, ele faz. Dinheiro há e muito. Só com esse plebiscito proposto pela Presidente previu-se um gasto de cerca de quatrocentos milhões. Um estádio como o Mané Garrincha, em Brasília, com um orçamento, inicial, previsto de seiscentos milhões de Reais, hoje bate a casa do 1,2 Bilhão só para exemplificar.
Como acreditar que estádios supermodernos, irão resolver problemas contextuais e pontuais que refletem, há muito tempo, a real necessidade brasileira. Acultura brasileira não se refere somente ao futebol. Agora digo que, na realidade, a pauta do discussão não é nada cultural e sim capital. O capitalismo desenfreado colocando a autonomia de nossa nação aos pés de um "Presidente fictício" chamado Joseph Blatter que chega aqui, sem pedir licença, e que manda mais que nossa Presidente, numa espécie de chantagem sem limites que apenas reflete o real poder do futebol, não só no Brasil mas no mundo.
Até que ponto vamos viver no mundo de fantasias em detrimento a realidade. Milagres acontecem quando todos aceitam aquele fato como uma realidade. No Brasil é diferente, os "milagres" só acontecem quando interessam a uma minoria. Talvez, tentando salvar seu moribundo Governo, Dilma tenha liberado os três bilhões, prometidos em duas parcelas, aos Prefeitos, visto sua popularidade ir por água abaixo, talvez sem a possibilidade de um retorno.
Enfim, acredito que o verdadeiro milagre brasileiro, esteja no fato de sermos tão esperançosos quanto ao nosso amanhã, mesmo tendo a política do "pão e circo" como nosso principal baluarte, criando heróis que procuram preencher as nossas frustrações cotidianas. Somos um povo feliz por natureza mas temos que deixar de ser um "povo marcado" nessa "vida de gado" como diria o grande compositor Zé Ramalho. Investir em nossa educação e em nossa saúde é o verdadeiro caminho para deixarmos de ser o "País do futebol" para sermos uma verdadeira nação brasileira.
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